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País dá a largada para ter polo financeiro
Já existem 13 associados (entre entidades e empresas) envolvidos no projeto em que cada um colabora com R$ 1 milhão
O chamado Projeto Ômega, que teve início assim que o Brasil recebeu o primeiro investment grade, sob organização da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), da Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros (BM&F Bovespa) e da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), foi apresentado ontem pelas entidades.
A primeira criação do projeto foi a Brasil Investimentos & Negócios (Brain), que, segundo seus representantes, visa a atrair mais investidores estrangeiros para o mercado financeiro brasileiro e ajudar as empresas a se tornarem competitivas mundialmente. A Brain pode fazer do Brasil um polo internacional e de investimentos da América Latina.
Hoje, existem três tipos de polos: primeiro, os polos globais (Nova York e Londres), em seguida os polos internacionais (Hong Kong e Cingapura) e, por fim, os polos locais (Xangai, Dubai e Mumbai). Este terceiro polo é onde entraria São Paulo, com a possibilidade de uma rápida promoção para polo internacional.
Já existem 13 associados (entre entidades e empresas) envolvidos no projeto em que cada um colabora com R$ 1 milhão, para os próximos três anos. Ainda existem mais três entidades que já deram entrada ao processo de adesão. "Vamos bater de porta em porta das entidades de classe e das empresas brasileiras para aderirem ao projeto", afirma Edemir Pinto, presidente da BM&F Bovespa.
Já aderiram formalmente e fizeram o primeiro aporte ao Brain: Anbima; BM&F Bovespa; Febraban; Bradesco; BTG Pactual; Cetip; Citibank; Itaú Unibanco; HSBC; Fecomércio; Santander; Banco Votorantim; e Banco do Brasil. Já manifestaram seu apoio e estão encaminhando a adesão formal: Associação Comercial de São Paulo; Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan); e, Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
Para que o Brasil se torne um polo local, primeiramente é necessário que sejam finalizadas as parcerias com as outras bolsas de valores da América Latina, a fim de que todas as informações passem pelo mercado brasileiro, mas isso deve levar um certo tempo para acontecer. "Não temos dúvida de que a conectividade é fundamental para este processo. Já estamos em trabalho com Chile, Peru, Colômbia, México, e agora Argentina. Em dois meses nós iremos finalizar o grupo de trabalho com o Chile", afirma Edemir. Hoje, cada país da América Latina se conecta individualmente com os mercados de Nova York e de Londres, e, com a parceria com as demais bolsas, as informações seriam distribuídas entre os mercados da América Latina, inclusive com São Paulo, que enviaria as informações de todas as bolsas aos mercados financeiros externos.
"Não queremos trazer algo diferente do que as pessoas acreditam ser natural para o futuro do País. Não queremos ter a criação de alguma coisa que possa trazer para o País alguma situação de vulnerabilidade", explica Marcelo Giufrida, presidente da Anbima.
Resumidamente, a função da Brain é coordenar esforços e iniciativas dos diversos setores e áreas; identificar problemas comuns e propor soluções convergentes, tendo em vista a qualificação do país para ser, na América Latina, uma ponte de conexão entre os mercados latino-americanos e os mercados financeiros mundiais.
"O objetivo de se ter um polo internacional de investimentos e negócios é o de incentivar a criação de uma rede de relações entre os países latino-americanos e entre estes e o Brasil, que, por sua vez, funcionará como uma ponte com os centros internacionais", acrescenta o diretor-geral da Brain, Paulo Oliveira.
A Brain, a exemplo de empreendimentos semelhantes, incentivará pesquisas e estudos, patrocinará fóruns de discussão, participará de entendimentos com o poder público em todas as suas esferas e instâncias e buscará a aproximação dos interesses dos diversos setores da economia em torno de propostas convergentes. Em resumo, será um catalisador de iniciativas dispersas, visando a objetivos comuns.
O desenvolvimento desse polo também deverá fomentar o desenvolvimento da infraestrutura urbana de transportes e de telecomunicações; educação e capacitação profissional, em todos os níveis, desde o ensino básico; simplificação da legislação tributária; atualização das regras cambiais, e desburocratização.
A criação foi realizada pelas três entidades, com o apoio da consultoria internacional Boston Consulting Group (BCG), que contou com a participação do governo federal, os estados e as prefeituras de São Paulo e do Rio de Janeiro, assim como de economistas, advogados e especialistas de mercado financeiro.
Segundo a Brain, "o polo internacional de investimentos e negócios dinamizaria esse processo, trazendo benefícios, como geração de empregos, maior liquidez e menor custo de capital e vantagens competitivas" finaliza.